top of page

A força de vontade no combate ao câncer
 

A história de Gabriela Ferreira Lopes emociona qualquer pessoa. Sua força de vontade é seu maior potencial. Aos 22 anos, a jovem descobriu um câncer, o Linfoma de Hodgkin. Esse câncer se origina nos linfonodos do sistema linfático, composto por órgãos e tecidos que produzem células responsáveis pela imunidade e vasos que conduzem as células através do corpo.

Gabriela relata que sentia muita coceira, um dos sintomas da doença, e depois de muitas consultas e exames, os médicos não estavam encontrando as causas das irritações. “Em primeiro de janeiro de 2010 estava fraca, com febre, outro sintoma, mas pensava que era um resfriado, aí fui consultar no plantão do Hospital Ana Nery e lá, um cardiologista começou a desconfiar que poderia ser Linfoma. A partir dali, em poucas semanas estava com o diagnóstico confirmado”, comenta.

Não foi fácil receber a notícia, mas Gabriela pensava só nas coisas boas que a vida podia dar e que iria se curar. “Meu esposo esteve comigo quando recebi o resultado da biópsia.” Para noticiar aos familiares, ela contou por telefone para seu pai e irmãos e, para a mãe, pessoalmente. Foi um susto para eles, conforme ela se lembra, mas a apoiaram muito.

 

Após a confirmação do câncer, Gabriela foi encaminhada a um especialista, fez exames no Hospital São Francisco de Palma, em Passo Fundo. Na primeira quinzena de fevereiro, iniciou a quimioterapia no Hospital Ana Nery. O tratamento era feito de 15 em 15 dias e quem sempre a acompanhou foi sua madrinha, Adriane. “Meu esposo e minha mãe acompanharam uma sessão cada um.”
 

Gabriela relembra que teve apoio tanto dos familiares quanto dos colegas de trabalho e amigos. “Todos me apoiaram, cada um da forma que podia.” Seguir em frente com o tratamento não foi fácil, mas a jovem acreditava cada vez mais em Deus e no trabalho dos médicos. Ela fazia tudo o que eles pediam. O pior momento da quimioterapia foi a semana após a primeira sessão, pois as reações foram muitos fortes. Isso durou em torno de cinco dias.


Gabriela já estava com o casamento marcado. Não tinha como adiar a data, tudo estava preparado. A jovem conta que seu casamento foi lindo, dos sonhos. Na noite da celebração, ela estava bem, dançaram muito e a festa foi até o amanhecer. “Descobri a menos de um mês do meu casamento que estava com câncer. Não mudou nada o que sinto pelo meu esposo, o amor só aumentou. Brinco com ele que realmente se casou comigo na alegria e na tristeza, na saúde e na doença”, relembra emocionada.

O cabelo já vinha sofrendo com a quimioterapia. Depois do casamento, quando foram retirados os adereços da cabeça, a maior parte dos fios caiu junto. “Quando adolescente vi a cena da atriz Carolina Dieckmann raspando o cabelo devido a um câncer de leucemia. Chorei muito, pois fiquei imaginando se fosse comigo. Quando aconteceu comigo, vi que cabelo era um detalhe, o importante era recuperar minha saúde”, ressalta.

 

Com o passar do tempo, Gabriela foi melhorando. Ela fez 18 sessões de quimioterapia e os exames mostravam que já não havia mais indícios de tumores. Ela ainda fez radioterapia para se prevenir.

Curada, Gabriela leva a vida amando tudo o que está ao seu redor e agradecendo por estar aqui. Mas a luta da jovem não acaba com essa superação.
Gabriela recebeu a melhor notícia exatamente no dia em que completava cinco anos da última sessão de quimioterapia. A confirmação de que estava grávida, no fim do ano passado.

A gravidez foi tranquila até a trigésima segunda semana, “depois disso, consegui dar outro susto grande na minha família.” Gabi teve um problema gravíssimo no coração. Foi transferida para a Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do Hospital Mãe de Deus de Porto Alegre. Lara Vitória nasceu com 34 semanas, dentro da UTI, e a mais nova mamãe só acordou do coma depois de três dias do nascimento prematuro da filha. Ainda tiveram que retirar de Gabriela seis litros de água que tinha no corpo dela.  Mãe e filha receberam alta uma semana depois.

Gabi, hoje com 29 anos, conta que seus planos daqui para frente é dar amor, atenção e bons exemplos à filha. Conta, ainda, que sua maior conquista é ter hoje a filha Lara Vitória nos braços junto ao esposo.

Gabriela ainda faz uma alerta. Ela fala que o corpo humano dá sinais quando algo não está certo e que se deve prestar atenção neles. Sobre os médicos, ela comenta que eles sempre devem buscar se atualizar e especializar. 

A liga que une pessoas
A Liga de Combate ao câncer ajuda pessoas que tiveram o diagnóstico confirmado

 

A Liga Feminina de Combate ao Câncer de Santa Cruz do Sul é uma entidade que auxilia pessoas com diagnóstico de câncer e tem sua sede no hospital Ana Nery. A entidade não possui fins lucrativos, faz diversas ações e oferece recursos para ajudar os pacientes da melhor forma possível.

As atividades da Liga tiveram início em 1977 e a entidade tem, em Santa Cruz do Sul, autonomia própria, mas também mantém vínculo com as Ligas de Combate ao Câncer do Rio Grande do Sul.

Além de conscientizar a sociedade sobre a prevenção do câncer, há também o auxílio ao tratamento do doente carente, bem como outros projetos. A Liga ajuda pessoas com renda familiar de até três salários mínimos.

A captação dos recursos é feita por meio de patrocínio de empresas, doações de pessoas físicas e jurídicas e dos voluntários.  Formada por pessoas que prestam um trabalho voluntário, a Liga possui apenas uma secretária com vínculo empregatício.  Para se associar é bem fácil. Você opta por uma quantia, sendo o valor mínimo R$ 8 mensais. O pagamento pode ser feito por débito em conta (Banrisul e Banco do Brasil), ou na entidade.

O dinheiro arrecadado é destinado para compra mensal de medicamentos, alimentação, fraldas e absorventes de uso adulto e infantil, aquisição de sutiãs pós cirúrgicos, distribuição de cestas básicas bimensais para participantes dos projetos, passagens urbanas e intermunicipais, empréstimos de cadeiras de rodas e muletas, entre outros.

Os projetos que a Liga desenvolve são feitos semanalmente, com voluntários na área de psicologia, nutrição, medicina, fisioterapia, yoga, terapia ocupacional e teologia. A Liga também conta com um grupo de visitadoras domiciliares e hospitalares. Essas pessoas acompanham os pacientes em seu tratamento. Também há oficinas de danças e confecções e, para divulgação, são promovidos eventos como jantares, happy hours e bazares junto à Liga Jovem.


Conheça os projetos desenvolvidos pela Liga.
Projeto Mãos Solidárias ocorre na Casa da Amizade todas as quartas-feiras. Este existe há 12 anos e abrange o desenvolvimento de atividades manuais, motivacionais e yoga.

O Projeto LIGAdos, por exemplo, existe há nove anos. As atividades são feitas todas as quintas-feiras na sede da Liga. São oferecidas palestras e orientações, aulas de dança e música, ministradas por profissionais voluntárias.

O Projeto por Amor, desenvolvido há dois anos, é realizado em escolas municipais da área rural e urbana e tem como objetivo despertar nas crianças e adolescentes a conscientização e necessidade do autoconhecimento do seu corpo e de serem feitos os exames preventivos. Com o legado 'Por me amar, cuida de ti', o projeto oportuniza às crianças a também desenvolverem atividades práticas, como a confecção de colares de pérolas, onde elas os entregam à mulher mais próxima delas. 

Projeto Mãos que se Ligam é realizado no Centro de Oncologia Integrado (COI) do Hospital Ana Nery, nas quintas-feiras.  As voluntárias levam lã, linhas e agulhas aos pacientes que aguardam a sessão de quimioterapia ou radioterapia no hospital. São feitos quadrinhos de tricô que, depois, são unidos, formando uma manta a qual é destinada aos mais carentes. O propósito do projeto é diminuir a ansiedade do paciente à espera do tratamento.

Projeto Interiorização tem como objetivo a prevenção. Ele é realizado junto à Emater e profissionais de saúde. Os voluntários vão até as comunidades agrícolas para fazerem palestras sobre os diversos tipos de câncer, necessidade dos cuidados e exames, além de esclarecem dúvidas e informarem sobre os serviços que a Liga oferece. Esse projeto ocorre de acordo com o calendário da Emater.

Segundo a presidente da Liga em Santa Cruz do Sul, Jacira Assmann, já passaram pela entidade mais de três mil pessoas nos quase 40 anos. Não há uma contabilização de voluntários, mas participam muitas pessoas da cidade. Elas fazem um projeto e o colocam em prática.  Para ser voluntário é preciso ter, no mínimo, 14 anos.

Os alunos também desenvolvem projetos e há apresentação de danças em atividades que a Liga participa. 
Existem os eventos fixos, citados acima e aqueles em que a Liga é convidada. Há eventos no Cauntry, Sun Set para jovens, que ocorre em março. Em abril do ano que vem será a festa dos 40 anos da Liga. Além disso, também tem happy hours. Arroz campeiro é um prato típico do gaúcho e é feito na semana farroupilha, desfiles de lojas. Qualquer pessoa pode participar dos eventos.

 

Além disso, como forma de proporcionar a melhora dos pacientes, também são designados, ainda, R$ 170 por mês em medicações aos assistidos. 
Jacira comenta que o feedback dos médicos é animador, pois a pessoa entra mais aberta para fazer o tratamento do câncer.  “Compensa bastante. Você tem que estar preparada, pois não é fácil ver uma pessoa nessa situação”, comenta Jacira.

Quem não quiser contribuir mensalmente, mas quiser ajudar a Liga de alguma forma, existem os produtos disponíveis para venda, como camisetas da Liga (R$ 30), bonés (R$ 15) e sombrinhas (R$ 30). A pessoa com interesse em ser voluntária pode ir ao hospital todos os dias, visitar a sede e ajudar quem está no tratamento.

 

 “Tudo conosco é questão de prevenção. Agora estamos distribuindo protetores solares. O câncer atinge todas as pessoas. Ele não tem preconceito contra cor, idade, gênero, religião. Não tem’’, destaca Jacira.

Foto:  Arquivo Pessoal 

Foto:  Arquivo Pessoal 

Foto:  Arquivo Pessoal 

Gabriela no dia do seu casamento, há menos de um mês da descoberta do câncer.

Gabriela durante o tratamento do câncer de Linfoma de Hodgkin

Seis anos depois do término do tratamento, Gabriela está com sua filha Lara Vitória e com seu marido Antônio. 

Foto:  Arquivo Pessoal 

Alguns produtos que a Liga Feminina de Combate ao Câncer oferece

Foto:  Arquivo Pessoal 

Bonés da Liga Feminina de Combate ao CÂncer por apenas 15 reais

Foto:  Arquivo Pessoal 

Chinelos da Liga por 30 reais

Foto:  Arquivo Pessoal 

Jacira Assmann presidente da Liga Feminina de Combate ao Câncer de Santa Cruz do Sul

bottom of page