Entrevista com Juliana de Souza Meirelles

 

 

1)Professora de flamenco e fisioterapeuta. O que te levou a querer ser palhaço?

O que me levou primeiramente foi a curiosidade de saber como se trabalhava o palhaço nas pessoas. Eu já tinha uma informação que era um trabalho interno, pessoal, mas não tinha ideia de como era o trabalho de construção.  E eu sempre amei a figura do palhaço, minha lembrança é de muita diversão.

 

2) Quais atividades você exerce como palhaço?

A palhaçaria é muito recente na minha vida, minhas atuações foram no teatro e algumas intervenções em grupo na rua.

 

3) O que é o encontre seu clown?

Encontrar o seu clown ou o seu palhaço no meu caso minha palhaça é fruto de uma investigação interna, intima, de você se olhar.  Eu fiz um curso de imersão de palhaçaria com a Karla Concá, ela é fundadora das Marias da Graças do Rio de Janeiro, e ela diz:  que a nossa graça está na nossa desgraça.

Essa frase me diz muito sobre esse processo de descoberta ou encontrar o seu palhaço, você precisa estar muito seguro de você mesmo para poder rir da sua fragilidade.

 

4) Porque devemos encontrar nosso palhaço?

Porque o palhaço faz parte da personalidade escondida de cada um. O palhaço é uma figura transgressora, que não tem medo do fracasso, dos não. E hoje em dia vivemos numa sociedade em que temos que ter sucesso, temos que nos enquadrar em padrões de beleza, e o palhaço vem e quebra com tudo isso.

 

5) Qual a sua satisfação em ser palhaço?

A minha palhaça me trouxe leveza. Me trouxe uma outra lógica de olhar a vida, de estar mais presente no presente. De olhar para as pessoas e querer ouvir o que elas têm pra falar e não ficar olhando para o celular ou pensando em outras coisas. Me sinto um ser humano melhor.

 

6) Até que ponto essa onda de palhaços do mal podem manchar a imagem desse personagem que sempre encantou adultos e crianças?

A partir do momento que existe pessoas que matam em nome da paz, podemos esperar qualquer coisa de algumas pessoas. É uma pena, mas eu penso que as pessoas têm discernimento para saber que uma palhaça de verdade quer ver as pessoas felizes rindo e não assustando.

 

 

7) Teatro e intervenções na rua." Fale um pouco como é isso.

Durante o curso construindo o seu clown o professor dirigiu cada aluno em uma cena individual já com o seu palhaço constituído. E essas cenas formaram um espetáculo que se chama Agora é Sério.

As intervenções de rua são parte da vivência do palhaço, onde saímos com o grupo sem nem roteiro e interagimos com as pessoas usado as técnicas, os jogos que aprendemos em aula.

 

8) Gostei da frase a graça está na nossa desgraça. É isso o palhaço? É externarmos um fracasso pessoal de forma engraçada?

Na minha opinião o palhaço é muito mais que graça! O palhaço também pode através das suas cenas, emocionar, fazer chorar, fazer uma crítica social. Desde os tempos dos Reis, o bobo da corte, que nada mais era que um palhaço, ele era o único que podia tirar sarro do rei, critica-lo. O palhaço permite que as pessoas se identifique com ele em algum momento da sua fragilidade, e é aí que ele se torna mais humano. Porque todo mundo tem os seus fracassos, seus defeitos. à única diferença que as pessoas escondem e o palhaço mostra e dá risada