Thing Lacing
Meninas que têm o desejo de alterar a silhueta e obter uma cintura mais fina costumam recorrer a cintas modeladoras, drenagens linfáticas, entre outros procedimentos estéticos. Mas, há uma forma mais eficiente de atingir este objetivo. Não é que exista uma peça de roupa mágica que irá fazer com que a circunferência reduza a cintura em até dez centímetros.
O nome disso é ‘Thing Lacing’, que em tradução literal significa ‘Laço Apertado’. É uma prática que se faz com o uso de corset, que deve ser feito sob medida, produzido por uma especialista chamada corsetmaker. Meninas que adotam essa prática como estilo de vida são chamadas de ‘lacers’.
É o que explica Layana Franco, uma youtuber formada em moda pela Universidade Federal do Ceará, apaixonada pela prática de Thing Lacing. Ela conta que a primeira vez que viu um corset foi no corpo da cantora Thalia, em sua primeira visita ao Brasil em 1995, quando tinha 6 anos.
Desde então apaixonou-se tanto pelo corset, como pela cantora com aquela cintura bem marcada. Tornou-se muito fã e, como toda fã, começou a se espelhar e a desejar ter tudo que admirava nela como, por exemplo, a cintura minúscula de 57 centímetros e os longos cabelos da cantora. “Cresci com esse ideal de beleza. Me fascinava ao ver a Thalia usando e abusando de corsets em seus vídeos clips e toda imagem de cintura marcada atraia fortemente minha atenção”.
Na faculdade de moda ela adquiriu um vasto conhecimento sobre corset, mas não sobre a prática do Thing Lacing. “Minha vontade era tanta que cheguei a fazer uma cadeira optativa na faculdade de como montar um corset”, conta ela. Mas, como os materiais eram muitos caros, ela só conseguiu fazer um corselet de barbatanas de plástico. “Óbvio que não era o que eu sonhava, mas deu para matar a curiosidade de me ver vestida com algo parecido com um corset”.
Quando terminou a faculdade, surgiu a oportunidade de trabalhar em Angola. “Depois de um ano fora, voltei de férias para Fortaleza decidida e com dinheiro no bolso para comprar meu primeiro corset e a iniciar o sonho do Thing Lacing e ter a cinturinha da minha Diva Thalia”. Thing Lacing só pode ser praticado com um corset sob medida, corset este confeccionado por um profissional chamado corsetmaker.
Ele deve ser estruturado com barbatanas de aço inox ortopédicas, várias camadas de tecido, sendo por fora um tecido resistente para aguentar a pressão das barbatanas e o uso diário, fechamento frontal com busk de aço inox e fechamento traseiro com amarrações. Claro que como os corsets são feitos sob medida e com profissionais especializados os valores variam de R$ 280 até R$ 800, principalmente por serem feitos com materiais de alta qualidade.
Somente quando Layana voltou para Angola, em fevereiro de 2015, que ela começou a prática do Thing Lacing. “Todo mundo me dizia que eu não precisava porque eu era magra. Ok, eu era magra, mas ser magra não é garantia de ter cintura fina. Ok, eu tinha 60 centímetros de cintura, mas não era marcada e a Thalia do tempo da minha infância tinha 57 centímetros e eu queria me igualar ou ultrapassar a medida dela”. Assim, cada vez mais crescia a vontade de Layana dar início a prática.
Antes de comprar o corset é necessário o aval de alguns médicos, são eles: angiologista, ortopedista e gastro. Sendo necessário também o acompanhamento de, no mínimo, uma vez no ano com estes especialistas para saber se está tudo em dia com a sua saúde. “Depois de duas semanas usando o corset comecei a sentir dores nas costas. Foi aí que soou o alarme e eu comecei a pesquisar”.
O treino do Thing Lacing deve vir acompanhado de exercícios físicos diários, sendo necessário no mínimo 300 abdominais e 100 exercícios para a lombar por dia, pois, durante o treino, o corset imobiliza completamente os músculos do abdômen e da lombar. Músculo que fica imobilizado não trabalha, podendo ficar flácido, causando fortes dores e problemas de saúde futuros. “Sim, o corset imobiliza os músculos do tronco e o uso prolongado sem exercícios localizados provoca a atrofia dessa região. Era esse o motivo da minha dor”, comenta.
O corset atua com muita pressão sobre o nosso corpo. Tamanha pressão que é capaz de mover as costelas flutuantes. Logo, pode trazer efeitos colaterais em toda área que atua, como prejudicar algum desvio de coluna que a pessoa já possuía e, às vezes, nem saiba, agravar um problema circulatório fazendo com que a pessoa corra risco de morte ou até mesmo piorar problemas gástricos como refluxos.
Layana, após levar um grande susto devido às dores que sentia, foi liberada por todos os especialistas por quais passou a usar o corset. “Desde então segui um ano e meio de treino saudável, sem ultrapassar 8 horas de uso diário. Perdi 4 centímetros no total, ficando com 56 centímetros e superando minha diva (Thalia)”.
No começo dos treinos o indicado é ir com muita calma, sem apertar muito, sempre respeitando o limite do seu corpo, assim, a adaptação será muito mais fácil e você evita dores e desconfortos desnecessários. E, quanto ao número limite de horas diárias, depende de cada corpo. Muitos falam que deve ser usado no mínimo 8 horas diárias, mas isso é algo muito variável. O indicado é a cada semana aumentar uma hora de treino, o Thing Lacing é muito subjetivo e depende de corpo para corpo, “ter muito foco e paciência porque cada corpo reage ao treino de uma forma diferente e os resultados não são iguais para todas as pessoas”, aconselha a youtuber.
Layana sintetiza que, devido à falta de informação no início do treino, resolveu se dedicar a informar as pessoas sobre essa prática de modificação corporal tão séria. Por isso abriu um canal no YouTube que já existe há mais de um ano e se chama Layana Franco.
No espaço virtual ela pública vídeos informativos e com as suas variadas experiências no Thing Lacing. Ela conta que também faz parte da administração de um grupo do Facebook focado nesse tema, que se chama Thing Lacing e Corset Style