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Tricotando amor

Da calçada já é possível ouvir a conversa e as risadas delas. São senhoras, na faixa dos 50, 60 e 70 anos - algumas um pouco mais jovens - que se reúnem para tricotar "um pouco de amor". Todas as quartas-feiras à tarde, uma das salas do Centro de Formação da Comunidade Evangélica de Confissão Luterana Redentor, em Teutônia, no Vale do Taquari, fica assim: cheia de mulheres e lã para todo o lado.
 

Para algumas, tricotar pode ser um passatempo, para outras trabalho, e para algumas, uma forma de retribuir todas as conquistas em suas vidas. Lenita Wessel, por exemplo, é uma das senhoras que não deixa passar nenhuma quarta-feira. Toda semana ela está lá, junto com as amigas para tricotar. Para ela, é uma forma singela e pequena de agradecer. “Eu já consegui tanta coisa na minha vida, que isso é o mínimo que faço para retribuir o que conquistei até hoje. Poder estar aqui e saber que meu trabalho vai ajudar outras pessoas, é muito gratificante”, lembrou a senhora.
 

Ah, tem também aquelas que não tricotam, mas que vão aos encontros como uma forma de reencontrar as amigas, conversar e passar o tempo. Faça chuva, sol, frio ou calor, elas se encontram para tricotar. Em função da idade, algumas têm dificuldades em caminhar, mas , ainda assim, fazem questão de estar ali. Outras que trabalham durante o dia e que não podem participar dos encontros, procuram outra forma de ajudar. “Tem algumas mulheres que não podem estar aqui nas quarta-feiras à tarde, mas acabam encontrando um tempo para tricotar à noite ou nos fins de semana. Sempre que elas têm alguma coisa pronta, elas acabam deixando aqui (no Centro de Formação)”, contou a secretária da comunidade, Ângela Bayer.
 

A matéria-prima do trabalho das tricoteiras, as lãs, vem por meio de doação ou é comprada pelas próprias senhoras e nas mãos delas acaba se transformando em roupas e brinquedos para crianças.  Em junho e julho deste ano, no auge do inverno, as senhoras trabalharam para preparar as mais diversas opções de roupas de bebê. Todas as peças foram doadas ao Hospital Ouro Branco, na cidade, que repassou para as famílias necessitadas que chegam a casa de saúde.
 

O grupo, que na comunidade é conhecido e chamado de Vida Digna, também acaba vendendo alguns dos produtos feitos por ele para comprar mais matéria-prima. Em um dos últimos encontros da Ordem Auxiliadora de Senhoras Evangélicas (OASE), as tricoteiras venderam alguns de seus trabalhos para arrecadar dinheiro e comprar enchimento para o Chiquinho - o boneco de tricô que elas fazem - e mais lã.

 

Agora, dezembro, elas entram em férias e voltam a se encontrar apenas em março. Um descanso merecido após meses de dedicação e empenho na costura de roupas e brinquedos.

Chiquinhos são bonecos tricotados pelas senhoras

A sala fica lotada de mulheres e de lã para todo lado

Para Lenita Wessel é gratificante ver que seu

trabalho pode ajudar outras pessoas

Passatempo ou trabalho, as senhoras não perdem

um encontro do grupo Vida Digna

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