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A incógnita TRUMP

Donald Trump vence Hillary Clinton e é eleito presidente dos EUA. Republicano surpreendeu e contrariou pesquisas e previsões. Confira na matéria de Lourenço Oliveira!

A incógnita TRUMP II

Quando entrou o número de delegados do estado de Wisconsin na conta da AP, Trump alcançou 276 delegados, ultrapassando o limite de 270 necessários para ser o vencedor no Colégio Eleitoral. A imprensa americana informou minutos depois que Hillary ligou para o rival e admitiu a derrota. "Eu a cumprimentei pela campanha muito disputada", disse Trump em seguida, em seu discurso da vitória! - Confira na matéria abaixo!

A incógnita TRUMP III

Disputa
A democrata Hillary, de 69 anos, e o republicano Trump, de 70, protagonizaram uma disputada e agressiva campanha de quase dois anos, marcada por ofensas e ataques pessoais. Mais detalhes em breve!

A incógnita TRUMP


Bilionário do setor imobiliário defende ideais xenófobos e supremacia racial

A incógnita TRUMP IV

A maré começou a virar a favor de Trump após as vitórias na Flórida, Carolina do Norte, Ohio e Iowa. Além disso, contrariando sondagens e projeções, Michigan, Wisconsin e Pensilvânia votaram em um republicano pela primeira vez desde os anos 1980. Confira a matéria abaixo, na íntegra!

          A eleição de Donald Trump, nos Estados Unidos, deixou o mundo perplexo e boa parte da população americana em pé de guerra. Repleta de promessas radicais, a campanha de Trump foi marcada por altos e baixos e, ao lado de Hilary Clinton, foi qualificada como uma das campanhas presidenciais de mais baixo nível da história. Frases como “Construa o muro!” se tornaram slogan em comícios e acabaram insuflando na população a ideia de que a solução de certos problemas é a adoção de medidas extremas e até mesmo situadas à direita no espectro político e ideológico, declara o cientista político e professor de relações internacionais da Unisinos, Bruno Lima Rocha. “A perspectiva para os próximos quatro anos será de grande incerteza. A primeira certeza é a incerteza”, garante Rocha. Segundo ele, Trump prometeu, durante a campanha, romper com algumas amarras da globalização capitalista que são quase indissolúveis. Um exemplo disso, seria a transferência de renda de empresários como ele que, conforme Rocha, são perdulários, fraudadores e sonegadores de impostos, para o retorno do emprego industrial. “Em especial no corredor do aço, no corredor da fuligem, no meio oeste, onde tem a classe média americana que, no Brasil, equivaleria a classe trabalhadora”, destaca.

         O absurdo, na visão do cientista politico, é que os republicanos ajudaram a desmontar este tipo de acumulação e, mesmo brigando contra o próprio partido, Trump conseguiu se eleger. Contudo, em meio a diversas promessas impossíveis, o futuro presidente americano terá de cumprir algumas delas. Rocha acredita que, nos próximos quatro anos, os EUA vão caminhar na direção de uma solução mais autárquica, voltando-se para si e tendo como aliados prioritários os países anglo saxões. “Além disso, eles devem se voltar também para a América Latina como zona exclusiva de projeção de poder. Pelo menos financeiro, cultural e militar.” Rocha pondera que acreditar que as alternativas à globalização estão sempre situadas mais a direita talvez seja um dos maiores desesperos do momento. “A globalização capitalista retira o emprego direto, faz da vida cotidiana um caminho sem volta de incertezas e isso compromete o bem estar das populações. O que culmina na falência dos sistemas representativos e na emergência da mentalidade radical”. Só que isso não significa que a democracia, em si, quebrou, destaca o professor. Para ele, o que quebrou foi democracia liberal, a democracia pouco democrática. E isso, segundo ele, tem alguns pontos em comum com o passado, quando politicas e ideais de extrema direita emergiram como solução direta para os problemas políticos e econômicos. “É muito difícil comparar períodos históricos, mas há sim algumas linhas de permanência. A falência dos sistemas representativos é uma delas”, garante.

       Para Rocha, a democracia realmente democrática implica em distribuição de renda e de poder. Segundo ele, esta promessa jamais foi feita pela democracia liberal e jamais será cumprida pela globalização capitalista. “O desconforto que se sente na Europa e EUA é por que, para eles, as promessas de bonança e bem viver eram bastante razoáveis até alguns anos atrás. Contudo, a globalização capitalista jamais concretizou este bem estar. O que se vê são ciclos de fraude e crise permanentes”. O professor salienta que fraude e crise são sinônimos na lógica perversa da globalização e isso acaba por impelir as populações, que permanecem na ignorância da real dinâmica do sistema, a acreditarem que políticas radicais podem ser  realmente a solução dos problemas. As promessas xenófobas de Trump, de cunho supremacista e até mesmo com um pouco de racismo declarado, refletem, sim, um pouco do passado. “Elas trazem realmente fantasmas do passado. Não da mesma maneira, mas de forma repaginada, remodelada, reconfigurada. Sim, esses elementos de permanência existem”.

          Mas em meio ao mar de dúvidas em que navega o mundo sob a cetro de Trump, uma das razões da incerteza está no fato de que, um bilionário com ideais radicais, xenófobas e com conexões de extrema direita irá governar o país mais poderoso do planeta. Rocha aponta que os EUA são, sem sombra de duvidas, o país mais poderoso do mundo em diversas áreas, mas as que mais evidenciam a sua superioridade são a de defesa e a supremacia das redes cibernéticas. “Os EUA investem na indústria da guerra mais do que todos os países juntos. Além disso, no investimento feito no complexo industrial da guerra estão incluídas as agências de inteligência”. Contudo, o professor explica que a possibilidade de um conflito armado com Russia e China são quase nulas, umas vez que Trump tem a intenção de estabelecer parcerias comerciais com estes dois países. “A China é o maior credor dos EUA. Já quanto a Rússia, o fato de Trump subir ao poder, também ameniza as tensões entre os dois países, pois Hilary Clinton, caso fosse eleita, produziria sem duvidas umas escalada de violência na Síria, por exemplo, que é protegida pela Rússia. Contudo, se fosse o caso, a união destes dois países seria, certamente, uma ameaça direta ao poderio e supremacia americana.”

       Donald Trump vai assumir a Casa Branca no dia 20 de janeiro de 2017. Desde sua vitória, uma série de protestos vem acontecendo em diversas cidades americanas. Devido à sua postura radical contra a presença de imigrantes e ao declarado preconceito contra os muçulmanos, um numero cada vez maior de incidentes raciais vem ocorrendo por lá. Nos ataques comumente os agressores invocam o nome de Trump e a escalada de violência se dá de forma dramática, como aponta um relatório publicado por um ONG americana. Conforme o documento, foram registrados 867 casos de incitação ou intimidação nos dez dias que se seguiram à vitória de Trump. Rocha afirma que, mesmo radicais, as politicas internas de Trump são muito factíveis. “Tudo o que for da fronteira pra dentro dos EUA, é mais próximo de ser realizado por ele, como exceção da promessa de retorno do emprego industrial.” Entretanto, o cientista politico destaca que algumas dessas politicas radicais, como a contrução do muro na fronteira, já eram lugar comum na administração Obama. “O muro já existe, ele não é contínuo, mas existe. Trump pretende deportar 9 milhões de imigrantes, mas Obama deportou 2 milhões. Na realidade muda em escala, mas não muda em essência.”Já as politicas externas, são outra coisa, bem menos factível. Mas, a julgar pela equipe de governo, sim, ele vai por em prática quase tudo o que prometeu, ou seja, as politicas intramuros sairão do papel.”

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